09 novembro 2013

14º Capítulo – Concordo com a cabeçuda, já está na hora de desenrolar a fita ✓



– Um violão para uma menina de seis anos? Vejo que temos talento. – Demetria piscou-lhe o olho fazendo-a sorrir.
– Eu gostaria de aprender. Mas se tocares para mim eu conto-te a minha história, contrato aprovado?
– Sim, senhorita Pérola. Demetria tocou a introdução de uma música que ela mesma compôs, mas que ninguém ouviu, e depois cantou os primeiros versos, terminou e refez o mesmo com a música seguinte. Não pôde evitar duas lágrimas finas lágrimas rolarem pela sua face nua de maquiagem e pálida pelo clima mais fresco que se fazia sentir naquele dia.
– O que se passou Demi? Estás bem? – Pérola prontamente limpou as suas lágrimas.
− Estou bem, eu pretendo contar-te a minha história mais tarde, quem sabe daqui uma semana eu não conto? – Demetria abraçou Pérola. − Agora conta-me a tua história.
− Tudo bem, contaram-me que quando fui abandonada, tinha ao meu lado este violão. No bilhete, que minha mãe deixou juntamente comigo, dizia que ela iria morrer por conta do cancro e que o violão era a maneira como ela me acalmava.
– Bom, é uma história realmente curiosa. Mas porquê o lenço?
− Eu tenho leucemia, por isso, eu isolo-me neste quarto sozinha. – Pérola mudou o tom de voz e o brilho dos olhos diminuíra.
– Leucemia? – A garganta de Demetria secara. − Por isso não deixas ninguém aproximar-se de ti?
– Sim, todos se aproximam com pena e apenas para me darem regras, que eu já decorei faz anos. Foste a única que me fez sorrir.
– Estou a sentir-me honrada, minha linda. Mas agora vais ter que descansar um bocado, sim?
– Claro, ajudas-me? – Pérola abanou a cabeça. Demetria pegou no seu pijama que estava numa cadeira perto da cama, vestiu-a delicadamente e Pérola perguntou:
– Demi, podes dormir um pouco comigo? – Pérola aconchegou-se nos seus lençóis.
– Claro. – Demetria não via qual era o problema. − Mas se acordares e eu não estiver aqui não te preocupes, eu volto amanhã à mesma hora, combinado? − Demetria deitou-se ao seu lado, Pérola apertou a sua mão, a sua mão ferida.
– Porque tens cortes na mão?
− Foi um acidente, nada de mais. Vamos dormir? − Pérola acenou positivamente com a cabeça.
Wednesday, 07:58 A.M. De La Garza’s House, Texas
− Demi? Demi! Acorda Demetria! – Dianna balançou bruscamente a filha. − Selena já está aqui, porque ainda não tinhas aparecido na escola.
– Já vou, mãe. – Demetria ergueu o seu corpo mole e dolorido. – Já me vou vestir, pode ser? − Demetria escolheu a primeira coisa que viu à sua frente, desceu as escadas de encontro a Selena que se encontrava no portão de casa.
– Olá Sel, tudo bem?
– Meu, a sério! Eu liguei-te que nem uma desvairada, fui-te procurar na escola toda, vim a tua casa e a rua mãe disse quem sabia se tinhas dormido em casa. Já estamos atrasadas! – Selena imensamente rápido.
– Eu conto-te no caminho. Primeiro, tenha calma, Sr.ª Stressadinha. Eu fui ao orfanato e adormeci lá.
– Ufa. Menos mal, pensei que tinha rolado algo quanto ao seu “casamento”. – Selena olhou Demetria com um olhar malicioso.
– Claro, e entre ti e o Nick? – Demetria fez o favor de provocar Selena.
– Antes tivesse havido algo, mas isso parece impossível. – Selena suspirou.
– Quem sabe? – Demetria entrou na escola
– O que é que sabes que eu não sei? – Selena alegrou-se ao pensar que ela sabia de algo mais.
– Eu é que sei? Quem sabe se não existe?
– Ok. – Selena falou num tom mais calmo de contido. − Eu vou ao bar e tu podes ir andando.
– Claro, eu vou andando para perto da sala. – Demetria saiu. Demetria pôde avistar Trace falar com Miley, a menina que conhecera no dia anterior no Orfanato.
− Já a trair a minha irmã? – Demetria aproximou-se sorrateiramente de Trace. − Eu sei que ela é insuportável, mas ela não merece isto.
− Bom dia, também para ti, Demetria. Esta é a minha meia-irmã, aquela de que te falava.
– A sério? Tu e a Miley, tu e a Miley? São irmãos? – Demetria não queria crer, eles eram completamente destintos.
– Então vocês já se conhecem.
– Sim, ontem no Orfanato, quando fui deixar a mãe. Nós acabámo-nos por conhecer, ou melhor, nos esbarrar.
– Quer dizer que as minhas maninhas já se conhecem. – Trace colocou cada um dos seus braços à volta do pescoço de Demetria e Miley.
– Trace, para de engraxar. – Miley e Demetria olharam-no.
– Ok, minhas amigas. E a cabeçuda da Sel?
– Olha a língua, Trace. A Sel tinha ido ao bar comprar sei lá o quê. – Selena apareceu ao fundo a falar com o professor Finn, foram-se aproximando de Demetria, Trace e Miley.
– Bom dia alunos, tudo apostos para a apresentação amanhã? E acerca do Trace, Selena e Nick já está tudo pronto.
– A apresentação é amanhã? – Demetria não conseguiu disfarçar a sua surpresa.
– Não te lembras? É amanhã, sim, não te esqueceste ou esqueceste? − Demetria apenas fez sentido positivo com a cabeça.
– Então, boa merda1. – Prof. Finn encolheu os ombros e ofereceu um sorriso encorajador.
– Obrigada, Professor…? - Demetria ficou pensativa.
– Demi, poderias dizer-nos o que estás a tentar fazer?
Concordo com a cabeçuda, já está na hora de desenrolar a fita. – Selena fuzilou Trace com os olhos.
– Não! Deixem de ser curiosos. – Demetria cruzou os braços. No momento que Demetria terminou de falar, Selena saltou para Trace, o apelido dado por ela não seria o melhor de todos.

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1boa merda − Utilizada por artistas de teatro para desejar boa sorte.

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