– Ok, eu vou parar. Mas ele não é um verdadeiro gato? – Demetria
lançou-lhe um olhar mortal e Selena gargalhou.
– Senhoritas Gomez e Lovato, por favor não falem ou riam tanto e
peço-vos que se juntem aos restantes para ouvirem o trabalho que trazer para a
próxima. − Sr. Finn era o professor responsável pela aula de representação
teatral, um homem charmoso na casa dos trinta para os quarenta. −
Vocês terão que fazer um trabalho original para homenagear William
Shakespeare. O trabalho mais original, vai ter contacto com uma empresa na
área. Enfim ponham a imaginação a funcionar.
Monday, 09:20 A.M. School Of Saint
Elizabeth, Texas
Parecia que
o relógio aguardava o silêncio do Prof. Finn para que desse o toque. Ouviam-se
ao longo de toda a escola pessoas a andar.
A próxima aula de representação
teatral traria de brinde o pavor e os calafrios que Demetria tinha de público,
plateia, júris, ou apresentações.
– Demi, vais ter que enfrentar o teu
anseio, e esse dia está a chegar. – Selena “leu” os pensamentos de Demetria só
por aquilo que tinham ouvido na aula.
– Tens razão, mas eu posso sempre
não apresentar o meu trabalho… É isso, vou falar com o Prof…. – Selena interrompeu-a.
– Não! De maneira nenhuma! Vais
sim apresentar-te.
– Tens razão, vou apresentar-me
convosco.
– Por acaso, não. – Selena torceu o nariz – Lembraste que os grupos não podem
ultrapassar os três elementos? – Selena abraçou-a de lado.
– Merda. Tenho de aceitar, não é?
– Selena balançou positivamente a cabeça. – Vou procurar a Madison e tentar
encontrar uma solução para isto. – Selena olhou-a na esperança que Demetria estivesse
apenas a brincar.
Demetria saiu à procura de
Madison que parecia não estar em nenhum lugar, nem nos habituais ou nos
invulgares. Restava o balneário, que desde o abrir da porta ouvia-se um ruído
como um choro.
– Maddie? Maddie, o que se passou?
Foram eles de novo? – Demetria ajoelhou-se na altura do corpo encolhido de
Madison. Demetria teve o cuidado de verificar os pulsos de Madison. Tudo em ordem.
− Sim, foram! Estou farta, não aguento mais isto! Demi tira-me
deste inferno, por favor! – Madison
falava entre soluços e lágrimas. Demetria podia ouvir a dor e angústia na sua
voz, esta imagem fez Demetria ficar puta da vida. Ninguém tocava na sua irmã. Andava
em passos Iargos em direção à secretaria. Pela segunda vez naquele dia esbarroava
com alguém.
− Como vai? A sala fica do outro lado, caso tenha esquecido.
− Deixa-me passar antes que te bata também. – Joseph fez um careta, não percebia
o porquê de ela estar assim, sem ao menos lhe responder como habitualmente em
tom irónico. Talvez fosse para ele a resposta à sua velha pergunta “Ela
tem algum problema de retardação?”.
– Sr. ª Maxwell? Será que lhe
posso roubar cinco minutinhos? É um assunto muito delicado. – Demetria bateu na
porta da diretora e espreitou sem colocar os pés dentro da sala.
– Claro, minha querida! Sente-se
aqui. – Apontou para uma das cadeiras vazia à sua frente – Agora pode ir ao
assunto.
− Sr.ª Maxwell, a minha irmã está a sofrer bullying por parte dos
colegas de turma.
– Por quem exatamente? – A diretora parecia incomodada, era
sempre assim. Os professores fingem que não vêem e os directores não vêem. As
cadeiras são ajustadas, os cabelos ficam no lugar e todo o conteúdo da aula é
passado em segundos quando sabem que é a diretora da escola que bate à porta.
– Todos, exceto os meus amigos
mais próximos, Noah, Franklin e Ângela. – Madison olhava para o chão.
– Ainda bem que nos alertaram
sobre o teu caso. Iremos mudar a Madison de turma ou dar um castigo aos colegas
que troçaram dela. O que preferes, minha linda? – Sr.ª Maxwell debruçou-se na
sua secretária a Madison.
− Prefiro o castigo, não quero ficar longe dos meus únicos amigos.
− Sr.ª Maxwell assentiu, anotou
os nomes, o que tinham feito e o que Madison preferia que fosse feito. Demorou
pouco comparado com o tempo que demorou com Demetria na época.
– Demi, podemos, por favor, ir
para casa? Não me apetece encará-los mais por hoje.
– Eu entendo, Maddie, e sei que a
mãe vai ficar muito chateada. Mas vamos para casa, eu sei como te sentes e é só
uma vez, certo?
Continue…
Nenhum comentário:
Postar um comentário